Exercícios poéticos, apaixonados e patéticos: pequenos mergulhos e vôos, para compartilhar...

24 de out. de 2011

Tessitura...


Tessitura

Despertamos para a Vida que pulsa, que vibra, que vaza, que canta, a cada minuto e momento!!!... e adormecemos, às vezes, cobertos por cinzas do cotidiano, que obscurecem o colorido exuberante e vivaz dos instantes, quando sorvidos com intensidade, vontade, paixão!... Talvez, tenhamos que adormecer e despertar, tantas vezes, durante a trajetória vital, simplesmente para não esquecer de nossa fragilidade e força, para nos relembrar, todos os dias e horas, da finitude infinda de tal tessitura: dos fios que nos bordam, nos envolvem e enlaçam, das linhas que nos desenham, conduzem, entrelaçam, da urdidura incessante e mirabolante da história. Talvez, precisemos despertar, adormecer e sonhar, para que sejam reinventadas as cores e esperanças, as cintilâncias que entrevemos nas frestas do cotidiano (aparentemente) banal...

Assim, vamos vislumbrando as fulgurações do afeto, do amor e da arte, nas aberturas das noites, das manhãs, dos meses, na travessia dos séculos, no girar do mundo, dos astros, das constelações... Quem sabe, nos arrisquemos aos vôos e travessias, e viajemos, à deriva, em alguns momentos venturosos de luminosidade azul-lilás, entremeados de turquesa, alizarim, violeta, e respingados de verde ou coral, em que possamos sentir a alma bailando aos quatro ventos, na direção deste saber insabido e volátil que nos move, nos instiga, impulsiona!... Entretanto, para isso precisamos navegar com vontade e coragem, entre cinzas e cintilâncias, alimentar as esperanças, exercitar as asas, todas as noites, todas as horas, todos os dias!!!



(Ana Luisa Kaminski)